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segunda-feira, 25 de julho de 2016

Timor Lorosa´e, a terra do sol nascente


O que esperar de uma ilha, no sudeste asiático, com pouco mais de 14.900 km2 e cerca de 360 km de extensão, com a população equivalente a da cidade de Belo Horizonte?

Basicamente com duas estações, quente e chuvoso no período entre dezembro e maio; quente e seco entre junho e novembro,  e com temperatura média anual acima dos 28°C, Timor-Leste é um país de maravilhas naturais, com uma diversidade cultural e linguística riquíssima. O português e o tétum são línguas oficiais, o inglês e o indonésio são aceitos como línguas de trabalho, além da presença de outras tantas nacionais/indígenas, como o mambae, tokodede, makassae, bunak, fataluku, tétum-térik, entre outras. Some a isso os ritos e os rituais tradicionais de cunho animista presentes em meio à  uma população de maioria católica.


A capital é Dili. Pode-se dizer uma cidade cosmopolita onde indonésios, australianos e portugueses formam a maior comunidade estrangeira no país, mas há também chineses, filipinos, americanos, malaios, japoneses, franceses, ingleses, espanhóis, alemães e, claro, brasileiros.

Meu contato com Timor se deu em 2014, a partir do programa de cooperação entre Brasil e Timor-Leste (PQLP – Programa de Qualificação em Língua Portuguesa), cujo objetivo é enviar profissionais das mais diversas áreas do conhecimento para atuar em três eixos: na formação de professores, fomento à língua portuguesa e apoio ao ensino superior.

Quando lá cheguei, em maio de 2014, deparei-me com uma cidade em festa. Muitos enfeites e bandeiras por todos os lugares. Havia um clima de patriotismo muito forte em todas as pessoas: comemorava-se a redemocratização de Timor-Leste. Foi preciso conhecer um pouco mais sobre a história de Timor, sobre a luta pela libertação, e saber que quase 1/3 da população fora assassinada nesse conflito para entender esse sentimento. Após um longo processo de independência, Timor-Leste, ex-colônia de Portugal, foi invadido pela Indonésia em 1974 e lutou pela libertação até 1999 quando, após um referendo, a população escolhe sua autodeterminação, ou seja, ficar livre do julgo indonésio. A partir de então, entra para o bloco da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), fazendo parte do mundo lusofônico.

Atualmente, Timor-Leste é um país em franca reconstrução e passa por todos os problemas típicos de países pós-conflito: problemas estruturais, falta de mão de obra especializada e capital humano para levar à frente todos os anseios da população.

Ao chegarmos lá, nós, os professores da cooperação brasileira, fomos extremamente bem recebidos. Os timorenses são um povo receptivo, alegre, simples e de uma generosidade sem tamanho. Contudo, carece, ainda, de apoio internacional para colocar em prática e fazer valer as questões sociais como segurança, saúde e educação.


No que se refere à educação, área que estava diretamente envolvido, pude perceber a falta de infraestrutura de forma geral, do ensino básico ao ensino superior. Mas ao mesmo tempo, percebia a força de vontade dos alunos ao comparecerem às aulas, passando longos períodos em salas insalubres, sem contar com o básico, como bebedouros e sanitários.

Havia uma questão posta bem clara: após os 24 anos de ocupação indonésia, boa parte daqueles que atuavam nas instituições de ensino, muitos sem formação adequada, ensinavam em língua indonésia, o que, de acordo com a legislação agora vigente, não seria mais permitido. Todos deveriam ensinar a/em língua portuguesa nas escolas, do ensino infantil ao superior. Tarefa nada fácil, levando-se em conta o contexto linguístico e a formação dos professores.

Como ensinar português em um contexto multilinguístico? Como ensinar Ciências para aqueles que possuem a experiência de vários anos como sendo a fonte de maior respaldo? Como ensinar biologia para aqueles que possuem como mito fundante a lenda do crocodilo – animal chamado de avô por todos! –, que, indo da Indonésia para Austrália, após uma longa jornada, resolveu parar no meio do caminho, dando início ao que se chama a ilha do crocodilo! Como apresentar aos timorenses novos paradigmas, novas visões de mundo sem correr o risco de um processo de neocolonialismo?
Talvez não haja uma resposta objetiva para essas questões. De qualquer forma, é possível que o verbo “ensinar” não seja bem empregado nesse contexto. A palavra cooperação ou troca de experiências se mostra um tanto quanto mais adequada.


Obedecendo aos três objetivos do programa, nossa atuação se concentrou em ministrar aulas nas universidades locais, formando os futuros professores, atuamos na formação de professores do ensino básico e superior, ministramos cursos rápidos para a formação de mão de obra especializada para atuar nos meios de comunicação; trabalhamos também com a supervisão e orientação dos alunos finalistas das graduações, com a preparação de TCC (trabalhos de conclusão de cursos), assim como ministrando cursos de língua portuguesa nas universidades, em instituições e repartições publica, alcançando também as forças armadas.

A efetivação do PQLP junto à cooperação Brasil/Timor-Leste foi efetivada em 28 de fevereiro de 2007, desde então muito já foi feito, mas com certeza ainda há muito que se fazer pelo Timor.

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Flávio Clementino da Silva
Professor de Filosofia da SRE Metropolitana B











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