*Por Arlene Borges da Cunha
Professora - SRE Metropolitana B
Contudo, tal tarefa (que dita regras da própria vida do mestre) nos remete à pergunta: o que significa o exercício da docência? Para alguns, trata-se de missão (posto que este termo se apresente esvaziado pela banalidade de seu uso) um apelo mítico, universal, de ordem espiritual e intuitiva.
Se nos detemos nesta linha de pensamento, pode-se afirmar que, entre as figuras do mosaico social, a do professor se destaca pela experiência com que o magistério o define, na medida em que todo docente é um arauto do seu tempo e a exemplaridade a medida com que o discípulo o distingue.
Quem senão quem ensina, na encruzilhada entre dois séculos (um que se fecha e outro que se inicia) para perceber as fraturas do seu tempo - conquanto o dorso quebrado de uma era o impede muitas vezes de contemplar as próprias pegadas - e ousar uma sutura entre o ontem e o hoje, construindo pontes para novas gerações? A contemporaneidade daquele que ensina, é, portanto, um olhar para trás e ao mesmo tempo para frente.
Assim, o exercício da docência apresenta-se não só atual em relação ao que é hoje, mas também ao que ontem foi, uma vez que ensinar/aprender, o processo que se realiza entre os sujeitos, apenas se efetiva quando, pela ruptura, o antigo se subsume ao novo.
Senão o que dizer sobre os anacronismos e os rituais do magistério que vão de encontro ao que atualíssimas tecnologias propõem para facilitar o fazer pedagógico nosso de cada dia? Nada, pois, na Educação ou em qualquer atividade mediadora da existência humana, é absolutamente definitivo.
Do que não se pode abdicar é deste ditar da consciência, da sobriedade da profissão, qualidade arquiética que nos distingue. E, se nos utilizamos da palavra, intérpretes da cultura, somos capazes de criar possibilidades reais, que, embora acenem para os perigos do mundo, podem transformar vidas, o que traduz a entrega (total) a uma relação pedagógica.
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