Cores, formas, traços, texturas... A arte e os trabalhos manuais podem influenciar o aprimoramento das habilidades cognitivas, motoras e estimular a criatividade em qualquer fase da vida humana. E isso tem sido utilizado na E.E. Visconde de Caeté, em Esmeraldas, como estratégia para o desenvolvimento de alunos da educação especial do município.
Atuando há dois anos na sala de recursos da escola, a professora Belquis Teixeira de Melo Diniz atende 14 jovens, dos 7 aos 16 anos de idade, portadores de diferentes graus de dificuldades psicomotoras. Além de jogos pedagógicos que complementam a aprendizagem, a docente usa criatividade e carinho para ensinar aos estudantes técnicas artesanais variadas. O trabalho é feito no contraturno escolar e rende produtos que encantam pais, professores e, claro, seus próprios criadores: os alunos. “Atividades deste tipo são essenciais para que os jovens com necessidades especiais não se sintam excluídos, e os demais os vejam com normalidade”, explica a professora.
Educação pela arte
Cada aluno atendido tem um plano pedagógico exclusivo, com as atividades que deve desenvolver e o tempo estimado para ocupação da sala de recursos. O planejamento das propostas de trabalho também observa as limitações e o potencial de cada estudante. Para Belquis, a arte na educação inclusiva deve propiciar um ambiente multiplicador de aprendizagens, aguçando a vontade de aprender através daquilo que gera prazer.“Todo o processo de criação e montagem das peças artesanais proporciona ganhos em termos de aprendizagem e desenvolvimento pessoal. A atuação coletiva, quando possível, favorece a socialização e promove o espírito cooperativo. A transmissão das técnicas de trabalho desenvolve a atenção, a concentração e a coordenação motora fina. E o contato com o produto pronto melhora a autoestima e a autoconfiança dos alunos”, destaca a docente.
Polo de inclusão
Nos últimos 20 anos, o Brasil tem vivenciado o fortalecimento da inclusão escolar como organizadora das metas para a escolarização das pessoas com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Entretanto, este processo ainda não atingiu a totalidade das instituições de ensino, o que transforma escolas como a Visconde de Caeté em verdadeiros polos inclusivos.“Vários dos nossos alunos da educação especial vêm de longe para participarem das aulas na sala de recursos. E quando se trata de alunos especiais, é necessário que o educador se supere, buscando meios que atendam cada perfil. Para isso, nos valemos dos cursos e capacitações que dão embasamento teórico e prático para o exercício da educação especial. Mas também é preciso criatividade, um pouco de improviso e muito amor à educação”, comenta Belquis, que já planeja a realização dos trabalhos de arte inspirados na temática do Natal.
"Uma das maiores conquistas da escola nos últimos seis anos foi a inclusão. Mudar a rotina da instituição para atender, e atender bem, às diferenças é muito gratificante", afirma com orgulho Lucinéa Maria Silva Leroy, diretora da escola.
A arte faz transcender, o que torna louvável a iniciativa da E.E. Visconde de Caeté rumo à inclusão dos pequenos com deficiência. A realização de uma atividade artesanal reafirma para o discente com NEE o seu próprio potencial, a despeito de uma sociedade que, ainda, procura postulá-lo como incapaz ou como sujeito fadado a um fracasso imposto pelas próprias limitações. E vale ressaltar que nem se faz necessário restringir-se ao artesanato, visto que daí se pode partir para outras atividades artísticas, tais como desenho, música, poesia etc. A arte pode ser explorada de acordo com as habilidades de cada discente. Belíssimo o trabalho da E.E. Visconde de Caeté. Eu, enquanto profissional da educação e também pessoa com deficiência, só faço me orgulhar de fazer parte deste trabalho que, cada vez mais, se volta para o acolhimento das diferenças, dentro das quais somos todos iguais.
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