“Comemorar o Dia da Consciência Negra não seria, em si, também um ato de discriminação?” Perguntas como esta foram ouvidas pela professora de História Alessandra Assis de Oliveira, quando propôs aos alunos da E.E. de Ensino Médio Monte Sinai, em Esmeraldas, a realização da Semana ‘A coisa vai ficar preta’, com uma programação didático-pedagógica planejada para celebrar a negritude em suas mais diversas formas de manifestação cultural.
Em sala de aula, a pergunta foi respondida por meio da contextualização histórica e social dos negros no Brasil. “Trezentos anos de escravidão africana criaram mecanismos de marginalização e preconceito que persistem no país até hoje, impactando, inclusive, na autoestima dos negros, apontados como população escravizada no passado, inferiorizada quando, na verdade, contribuíram e continuam contribuindo de maneira muito significativa para a construção do país”, explica a professora Alessandra.
Sensibilização pela cultura
Com o engajamento de todas as turmas, “a coisa ficou preta” na Escola Monte Sinai com apresentações musicais, palestras, desfile beleza negra, exposições de painéis, números de dança e muita diversão. “Oportunidades como esta facilitam a sensibilização dos jovens, que aprendem a valorizar a herança cultural negra reconhecendo suas influências em todas as formas de expressão artística que permeiam nossa sociedade”, comentou Rafael Aquino, que coordena a Fundação de Cultura de Contagem e levou ao evento um pouco do seu próprio projeto de pesquisa: ‘Música Preta’.Como DJ, Rafael Aquino, ou ‘Rafael Roots’, como é conhecido, ofereceu aos alunos uma verdadeira viagem sonora por gêneros como funk, soul, rap e samba. Breno de Jesus Feliciano Pereira, aluno do 1º ano do ensino médio, não resistiu aos ritmos e deu um show de hip hop e dança de rua. “Aprendi a dançar sozinho, mas também sou incentivado na escola. Aqui todo mundo me conhece pela dança”, conta.
A professora Alessandra, responsável pela coordenação do evento, revela que os talentos pessoais dos estudantes foram estimulados e aproveitados na distribuição das tarefas que compõem a programação. Leonardo Vitalino, aluno do 2º ano do ensino médio, vai aliar seu interesse por História e pelo registro dos fatos às suas habilidades na área de informática. “Estou fazendo um vídeo sobre toda essa programação, fotografando e filmando os melhores momentos de cada apresentação. Vou seu ser avaliado por meio do vídeo, e como gosto desta linguagem, isso tornou tudo muito mais legal para mim”, comenta.
Imersão
A imersão cultural promovida pelas ações pedagógicas ganhou reforços com a participação de todas as áreas da escola. Como exemplo, durante a semana o cardápio da merenda escolar ganhou pratos típicos da cultura afro-brasileira, como o angu à baiana. “Todo trabalho que reúne a comunidade escolar em torno de um processo reflexivo sobre a sociedade produz ganhos coletivos, tanto no que diz respeito aos alunos quanto no que se refere às pessoas do seu convívio, porque os estudantes se tornam multiplicadores dessa nova visão de mundo”, destaca Adriana Pedrosa de Souza Silva, diretora da escola.A mesma temática também tem sido trabalhada de maneira interdisciplinar. Prova disso é o intenso engajamento dos docentes de Língua Portuguesa e Educação Física na programação da Semana. “A cultura e a história afro-brasileira vêm sendo abordadas nas práticas pedagógicas da escola deste o início do ano letivo. Em março, alunos do 3º ano do ensino médio viajaram para São Paulo e visitaram o Museu Afro. As impressões que eles tiveram e o conhecimento que adquiriram está estampado em um dos painéis que hoje decoram a escola”, aponta Adriana.
Foi um sucesso!!! Parabéns a todos nossos alunos envolvidos
ResponderExcluirSou aluna da escola e tenho que parabenizar a professora Alessandra pela iniciativa e a todos os convidados que participaram deste momento connosco,muito bom!
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